Iniciaremos uma série de resenhas de artigos científicos. O objetivo é tornar a leitura do artigo científico mais acessível e estimulante.
As primeiras pesquisas científicas com o Yoga começam em 1929 no Instituto de Lonavla (Índia) pelo Swami Kuivalyadhama. Desde então o número de pesquisas científicas sobre o Yoga aumentou exponencialmente. Ganhando destaque e recomendação de suas práticas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Sistema único de Saúde (SUS).
Uma boa leitura!
Grupo Científico ABY
O treinamento de Yoga tem efeitos positivos no equilíbrio postural e nas atividades
da vida diária em pessoas com esclerose múltipla: um estudo piloto
Nesta pesquisa publicada na Revista Explore (Volume 12, Edição 5 ,Setembro–Outubro de 2016, Páginas 325-332), os pesquisadores queriam saber se as práticas de Yoga teriam alguma influência no equilíbrio postural e também na execução de atividades da vida diária de pessoas com esclerose múltipla.
Pessoas com esclerose múltipla podem desenvolver déficits no equilíbrio postural, culminando em quedas. Tornando um fator preocupante para a manutenção da autonomia e qualidade de vida..
A esclerose múltipla (EM) é uma doença inflamatória e degenerativa crônica. É uma doença imunomediada do sistema nervoso central, caracterizada por múltiplas lesões inflamatórias, desmielização e incidência de cicatrizes na substância branca do sistema nervoso central. Levando ao comprometimento de várias funções, inclusive a manutenção do equilíbrio postural.
Pessoa com esclerose múltipla podem ter sintomas amplamente variados, mas fadiga, dificuldade para caminhar e desequilíbrio postural são altamente incidentes e debilitantes, uma vez que aproximadamente 84% das pessoas com EM têm comprometimento do equilíbrio postural e 61% sofreram pelo menos um incidente de queda, entre os quais 17% tiveram algum tipo de fratura. Tais deficiências de equilíbrio e/ou mobilidade impactam muito a qualidade de vida de pessoas com EM.
A pesquisa contou com a participação de 12 pessoas com esclerose múltipla, que foram separadas em dois grupos: o que faria prática de Yoga (grupo experimental) e outro que não faria a prática de Yoga (grupo controle).
As práticas foram oferecidas durante o período de seis meses, uma vez por semana, com duração de 60 minutos. As práticas foram conduzidas por um professor qualificado em Yoga e foram executadas em um ambiente propicio para as práticas.
As práticas de Yoga continham basicamente posturas (asanas), “exercícios respiratórios” (pranayamas) e meditação. As execuções das posturas do Yoga seguiram as diretrizes de Patanjali (Encontradas nos Yogasutraa), que incluem estabilidade e conforto, incluindo assim o treinamento neuromuscular durante as fases de movimento e estabilização (permanência). Além disso, as práticas puderam ser realizadas com os olhos fechados, enfatizando a ação e o estímulo de outros sistemas sensoriais, como o vestibular e somatosensorial.
Antes do início do programa de práticas de Yoga foram realizados alguns testes nos integrantes dos dois grupos. Dentre estes testes foram medidas as capacidades de equilíbrio postural (Escala de Berg) e também o grau de incapacidade dos participantes (EDSS).
Após o término dos seis meses do programa de aplicação das práticas do Yoga foi feita nova avaliação dos integrantes dos dois grupos.
Os resultados demonstraram que as pessoas pertencentes ao grupo que praticou Yoga obtiveram melhora no equilíbrio e também na eficiência na execução das atividades da vida diária. O que não foi observado nas pessoas do grupo que não praticou Yoga. A pessoas do grupo que não praticou Yoga houve até uma piora do quadro do equilíbrio.
Estes resultados sugerem que a prática do Yoga pode ajudar na melhora do equilíbrio postural de pessoas com esclerose múltipla. Também sugere que as práticas de Yoga podem contribuir na melhora da execução das atividades da vida diária.
Referência:
OLIVEIRA, G; TAVARES, M. C. C. G. F.; OLIVEIRA, J. D. F.; RODRIGUES, M. R.; SANTAELLA, D. F.. Yoga Training Has Positive Effects on Postural Balance and Its Influence on Activities of Daily Living in People with Multiple Sclerosis: A Pilot Study, EXPLORE, Volume 12, Issue 5, 2016,Pages 325-332, ISSN 1550-8307, https://doi.org/10.1016/j.explore.2016.06.005.
O artigo completo está disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1550830716300672
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